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A
mulher estava sozinha. Olhava pros pés. Sua concentração era tanta que pensei:
Ela vai levitar. Não saiu do lugar. Uma lágrima escorregou pelo rosto e foi
molhar sua blusa amarela. Mas nem isso a tirou do transe. Não consegui mais
olhar; me senti um invasor. Por um momento me invadiu a idéia de respeito.
Seria isso respeito? Fiquei incomodado por ter visto aquela cena tão íntima.
Muito mais do que ver a moça estonteante se tocando. A mulher da cadeira de rodas me fez
sentir culpado por estar olhando outras vidas sem permissão.
Então me lembrei
de todas as cenas sem permissão por que passei - e que vi - através deste buraco;
me lembrei e comecei eu a chorar. Lentamente, apoiando a cabeça nas mãos. Os
braços nas pernas. Os pés no chão. Chorando.
"Impressionante. Ele chora, devagar, calmo, como se aquilo fosse a
única coisa que lhe restasse. Como se fosse o único gesto digno. Ele chora sem
esforço. Simples. Tão primitivo quanto o sorriso, só o choro. Ele está
descobrindo quem é. Ou, o que é."
o motivo deste blog caleidoscópio: esculpido em carrara é uma homenagem àqueles que dizem uma coisa mas as pessoas entendem outra. não acredite em tudo o que lê e ouve. nem eu acredito em mim. pra ficar claro: caleidoscópio é o nome do blog porque eu quero dizer que meu blog tratará de diversos assuntos... não tem regras. só bom senso. acredito que perguntar ofende, mas acima de tudo, faz pensar. e é isso o que quero: pensar. (eu não uso maiúsculas no blog)
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