terça-feira, 8 de novembro de 2011

dentistas, políticos e poder

silvio berlusconi bateu um papo com o presidente da itália e ambos chegaram a uma conclusão óbvia: aprovamos as medidas do aperto de cinto e você dá área. vaza.
o fim da era berlusconi se aproxima.
mas é difícil largar o poder. dói como arrancar o siso sem anestesia. dói na alma.
as brincadeiras, a pose de comedor de berlusconi, tiram a credibilidade da itália diante do chamado mercado financeiro. os sensíveis seres que controlam as especulações, o dinheiro e o crédito europeu não gostam do perfil fanfarrão bem-sucecido do milionário empresário.
o mercado - este ser insípido, incolor e indolor - acha que berlusconi não compreende e extensão da crise na itália, segundo país que mais deve na zona do euro. o déficit público chega a 120% do pib.
por tratar a crise com o descaso que trata a repercussão de seus escândalos sexuais, il cavalieri perdeu crédito também com o presidente Giorgio Napolitano.
hora de ir ao dentista, silvio!

2011 não é 1968

não vou discutir conteúdo. quero discutir a forma.
o único meio de protestar, reivindicar na usp é invadindo reitoria, depredando ou pichando bens públicos?
se estivéssemos na ditadura, seria compreensível - afinal, era um tipo de guerra civil, tinha guerrilha etc - mas na atualidade, democracia estabelecida, país equilibrado, crescendo, ainda com problemas de 500 anos de má gestão, mas resolvendo, devagar, enfim, na atualidade, não é possível que se os uspianos classe-média querem protestar precisam fingir que são revolucionários cubanos. até por que esses eram machos de verdade. enfrentaram balas sem medo. e tinham uma causa. causa pela qual venceram. mas estes uspianos revoltados não merecem a alcunha de revolucionários. tudo aquilo que eles poderiam ter razão no que se refere a forma de agir da polícia militar (e sabemos como a polícia não é educada), eles perderam também pela forma como agiram. você não pode destruir um bem público em nome de um bem particular (liberdade para fumar maconha por exemplo).
alguém ali lembrou que a usp sobrevive dos impostos pagos por muita gente que não verá seus filhos numa usp porque não têm condição de dar um estudo melhor??
essas pessoas mais simples ajudam a sustentar os filhos de classe média. che guevera era classe média. se juntou aos pobres e oprimidos. lutou por eles. mas antes, viveu com eles, como eles. compreendeu suas necessidades. o que os uspianos raivosos por maconha conhecem do universo do pobre brasileiro? dizem bom dia para a empregada e brincam de vez em quando de videogame com filhinho da cozinheira? visitaram uma favela num trabalho de colégio e tiraram dez pelas belas fotos?? eles estão tentando agir como há 30 anos. nem cuba age como há 30 anos.
a lua cheia não muda. nós é que amadurecemos e a enxergamos de maneira diferente com o passar do tempo. a lua é a mesma. nós é que mudamos. ou não.
a usp (estou generalizando sim) não conhece mais o brasil.
e esse desconhecimento não é exclusividade dela.

depois de longa e tenebrosa primavera

o recado para berlusconi foi o seguinte: nós aprovamos as contas mas não confiamos em você. o poderoso chefão não teve a maioria dos 318 deputados. faltaram 8 votos pra isso. é claro que as contas seriam aprovadas. caso contrário a itália pararia.
a oposição não quis participar da votação. o reflexo imediato - que o governo de berlusca não tem maioria - é óbvio. o mercado financeiro não quer il cavalieri, o italiano está de saco cheio dele. a imprensa da bota não suporta mais as estripulias sexuais do capo enquanto o país afunda. a união europeia - leia-se frança e alemanha - não quer berlusconi no poder. o principal aliado do primeiro-ministro na liga norte não o quer.
então o que resta?
pedir pra sair.
mas, apegado ao poder como a cera quente à pele, berlusconi insiste em sobreviver, mesmo por aparelhos.
somente as moças jovens e bonitas - que dependem da generosidade financeira das festas bunga-bunga do signore silvio - o apoiam nesse momento corda-no-pescoço.