domingo, 25 de março de 2012

pena para quem precisa

os que se chamam torcedores, marcaram um confronto antes do dérbi da capital. 
quem foi pra lá, sabia que seria um confronto para matar. repito, para matar. o objetivo claro era de que houvesse a maior quantidade de pessoas feridas e/ou mortas do lado rival. como se fosse uma disputa de quem machuca mais. por isso, exatamente por isso, eu não sinto pena de ninguém. todos que estavam lá, sabiam que isso aconteceria e queriam que acontecesse. então, quando acontece (feridos, um deles possivelmente terá morte cerebral), eu não posso ter pena. compreendem? sinto pena, aí, sim, das famílias. se alguma delas perder um ente querido nisso, sofrerá, certamente. 
se alguém morrer nesse confronto, espero que não seja pai de família. para não deixar filho órfão. porque alguma mulher, mãe, vai chorar a morte de mais um por causa de brigas de torcidas organizadas. 
pena para quem precisa. 

segunda-feira, 12 de março de 2012

o sangue


o coração bombeando

para todo meu todo

a carne o cerne o ser

essencial
sereno

e seu

a liberdade de einstein

SOBRE A LIBERDADE
Por Albert Einstein


Sei que é inútil tentar discutir os juízos de valores fundamentais. Se
alguém aprova como meta, por exemplo, a eliminação da espécie
humana da face da Terra, não se pode refutar esse ponto de vista em bases
racionais. Se houver porém concordância quanto a certas metas e
valores, é possível discutir racionalmente os meios pelos quais esses
objetivos podem ser atingidos. Indiquemos, portanto, duas metas com
que certamente estarão de acordo quase todos os que lêem estas linhas.
1. Os bens instrumentais que servem para preservar a vida e a saúde de
todos os seres humanos devem ser produzidos mediante o menor
esforço possível de todos.
2. A satisfação de necessidades físicas é por certo a precondição
indispensável de uma existência satisfatória, mas em si mesma não é
suficiente. Para se realizar, os homens precisam ter também a
possibilidade de desenvolver suas capacidades intelectuais artísticas
sem limites restritivos, segundo suas características e aptidões
pessoais.
A primeira dessas duas metas exige a promoção de todo conhecimento
referente às leis da natureza e dos processos sociais, isto é, a
promoção de todo esforço científico. Pois o empreendimento
científico é um todo natural, cujas partes se sustentam mutuamente de uma
maneira que certamente ninguém pode prever.
Entretanto, o progresso da ciência pressupõe a possibilidade de
comunicação irrestrita de rodos os resultados e julgamentos -
liberdade de expressão e ensino em todos os campos do esforço
intelectual. Por liberdade, entendo condições sociais, tais que, a
expressão de opiniões e afirmações sobre questões gerais e
particulares do conhecimento não envolvam perigos ou graves
desvantagens para seu autor. Essa liberdade de comunicação é
indispensável para o desenvolvimento e a ampliação do conhecimento
científico, aspecto de grande importância prática. Em primeiro lugar,
ela deve ser assegurada por lei. Mas as leis por si mesmas não podem
assegurar a liberdade de expressão; para que todo homem possa expor
suas idéias sem ser punido, deve haver um espírito de tolerância em
toda a população. Tal ideal de liberdade externa jamais poderá ser
plenamente atingido, mas deve ser incansavelmente perseguido para
que o pensamento científico e o pensamento filosófico, e criativo em
geral, possam avançar tanto quanto possível.
Para que a segunda meta, isto é, a possibilidade de desenvolvimento
espiritual de todos os indivíduos, possa ser assegurada, é necessário
um segundo tipo de liberdade externa. O homem não deve ser obrigado
a trabalhar para suprir as necessidades da vida numa intensidade tal que
não lhe restem tempo nem forças para as atividades pessoais. Sem este
segundo tipo de liberdade externa, a liberdade de expressão é inútil
para ele. Avanços na tecnologia tornariam possível esse tipo de
liberdade, se o problema de uma divisão justa do trabalho fosse
resolvido.
O desenvolvimento da ciência e das atividades criativas do espírito em
geral exige ainda outro tipo de liberdade, que pode ser caracterizado
como liberdade interna. Trata-se daquela liberdade de espírito que
consiste na independência do pensamento em face das restrições de
preconceitos autoritários e sociais, bem como, da "rotinização" e do
hábito irrefletidos em geral. Essa liberdade interna é um raro dom da
natureza e uma valiosa meta para o indivíduo. No entanto, a
comunidade pode fazer muito para favorecer essa conquista, pelo menos, deixando de interferir no desenvolvimento. As escolas, por exemplo, podem
interferir no desenvolvimento da liberdade interna mediante
influências autoritárias e a imposição de cargas espirituais aos
jovens excessivas; por outro lado, as escolas podem favorecer essa
liberdade, incentivando o pensamento independente. Só quando a
liberdade externa e interna são constantes e conscienciosamente
perseguidas há possibilidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento
espiritual e, portanto, de aprimorar a vida externa e interna do
homem.
(Albert Einstein)

quarta-feira, 7 de março de 2012

cultivado

esta mulher me pegou
desta maneira
como um prego diante de um martelo
como um cego preso a escuridão
esta mulher
que levita feito fagulha de festa são joão
ela é uma flor
uma flor da fenícia
uma pedra do majestoso himalaia
a malícia do próprio inocente

mas esta mulher me pegou
mandou prender e soltar
encerrou minha egoísta solidão
de palavras cínicas e furiosas
com amor e ternura de vulcão
esta mulher me cultivou
e o cântico do cativo que sou
é o canto nativo de quem fui bicho solto
e hoje cativado e cultivado pelas mãos da flor da fenícia
foi-se minha antiga dor
e ficou a delícia de um inesperado amor

há mais de 20 anos a mesma filosofia "pedagógica"

O professor levanta cedo, sai de casa com o café da manhã sendo digerido rapidamente. Caminha dez minutos a pé até um ponto de ônibus. Espera cinco minutos apenas, afinal, um país está saindo de casa naquela hora. O professor consegue entrar no ônibus. Agradece numa breve oração o fato de ser bem magro e poder caber, com pouco desconforto, entre duas senhoras obesas, o ferro do banco do ônibus e as alças de apoio, que lhe batiam no rosto. Todo apoio é necessário para aquele momento em que o motorista resolve frear bruscamente e você cai. Você e todas as outras "peças" de dominó chamadas de pessoas. A viagem poderia ser mais agradável se o ano todo não chovesse, não fizesse frio, não fizesse calor de deserto. Porque em uma qualquer dessas situações, as janelas são fechadas (respire-se num ambiente desses!), ou são abertas, mas aí são fechadas de novo porque chove. Mas faz calor, então ficamos de janelas fechadas, no calor, porque está chovendo, e a água entra no ônibus porque nenhum gênio da arquitetura automotiva pensou num jeito de evitar que se precise fechar janelas quando chove. Será que é tão difícil inventar um guarda-chuva de ônibus? O professor, vinte ou trinta minutos depois, chega a uma estação de metrô. Desce do ônibus, entra na estação, pega o metrô. Faz três baldeações e em trinta e dois minutos chega ao seu destino. Ou melhor, quase. Caminha mais dez minutos no meio do barulho de sempre, dos mendigos de sempre, das crianças de rua de sempre, atravessa uma avenida e finalmente chega a escola onda dará suas aulas. Como sempre, chegou na hora certa. Hora de cumprimentar os colegas, tomar um café mal feito, pegar giz, vestir avental e subir para a sala. Missão daquele dia: convencer 40 alunos a ler e a ter prazer lendo Machado de Assis. Antes de explicar as virtudes do "Conto de Escola", de Machado de Assis, um aluno já levanta a mão e pergunta: - O que vai ter na merenda hoje, professor? Uma aluna aproveita a deixa e pergunta se pode ir ao banheiro. Outros três querem ir também. O professor já havia perdido dez minutos da aula anotando coisas no diário de classe e fazendo a chamada dos alunos. Perdeu mais cinco com as perguntas. Agora faltam vinte e cinco para o fim da aula. O professor suspira. O dia está só no começo.