Não me lembro do mar nem de nada parecido guardado na
retina minha da minha míope vista
Não que no passado fosse míope
Mas o mar se
vê longe de perto ou de longe e de longe vejo mal
mas eu veria o mar num só
azul de movimento calmo e azul
Veria
se me lembrasse do mar ou de tudo parecido
que estivesse guardado perto de mim
Mas no meu passado eu via bem de longe mas
nunca enxergava longe
a história
Não
me lembro de na minha história haver o mar nem de nada que não fosse parecido
com a tela de um desenho no asfalto
toda minha história mergulhada na imensidão urbana
o que eu disse
como se o mar não tivesse
ondas (ainda que pequenas e, se paradas águas são, sempre há quem jogue uma pedra, provocando o andar de ondas)
eu não tinha memória
Não me lembro do mar mas me lembro de ter me afogado em milhares de pesadelos marítimos
é possível sentir conhecer algo sem ao menos vê-lo há tanto tempo?
quando vi o mar, quase vinte anos depois da primeira e única vez, era como se fosse a visão de uma deusa das águas. a potência da natureza multiplicada por aquele sussurro violento e calmo... infinito e belo
como se fosse a própria alma do mar
a mar é
o motivo deste blog caleidoscópio: esculpido em carrara é uma homenagem àqueles que dizem uma coisa mas as pessoas entendem outra. não acredite em tudo o que lê e ouve. nem eu acredito em mim. pra ficar claro: caleidoscópio é o nome do blog porque eu quero dizer que meu blog tratará de diversos assuntos... não tem regras. só bom senso. acredito que perguntar ofende, mas acima de tudo, faz pensar. e é isso o que quero: pensar. (eu não uso maiúsculas no blog)
domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
louca
lua louca sorridente e luminosa
lua
tua única saída
em nós um véu
e branca túnica
toda nua a lua
uma dança apruma
pros teus olhos únicos
uma lua - ilha -
pura lua - uma filha -
me atua(liza rá)
numas de nosso
o teu brilhar
somos um pacto de enluarar
teu rosto cheio míngua linda
nova e cresce e brilha tua
essa uma
lua
e tua língua
me conta que você enrubesce
quando linda se vê nua
nua no ar
domingo, 14 de outubro de 2012
o discreto e sua existência insípida
nada ao redor
um imenso vazio
povoado por gente
o homem invisível é discreto
porque não olha nos olhos dos outros
porque não olha nos olhos dos outros
porque evita cumprimentos
esquiva-se de bons dias, tardes e noites
recusa convites para sair
e quando a gente se acostuma com isso
ele torna-se oficialmente invisível
sua especialidade é desaparecer
mas algo mudou
ele quer visibilidade
arma seu
desvario
crivado de
dores vazias
um eco cravado
na pele da terra
ouve o rugido
atravessado pelos rios
e marca no pescoço a força desse grito insano
teus olhos sombrios avisam
não há onde se encostar
deixa o rosto repousado no colo frio
(de quem?)
sua discrição é tamanha
que até no choro
chora sem lágrima
gota que alimenta ou machuca
essa gota
desaparece no tempo
numa era de
esquecimento
é a curva que
desfaz a cratera do pensamento
sábado, 13 de outubro de 2012
de olho no relógio ou nos olhos do tempo
na
segurança da vaidade
navegar
de manhã
não quer dizer vir antes do anoitecer
me espera
levantar
a máscara
não pode cair
o medo
avança quando
você chove tormentos em mim
e se
desespera pra dançar
Só você
pode me atingir
Em um
minuto de muitos anos
a
eternidade congela nossa boca
(você não
pode esconder)
seu corpo
dança e cansa e dança
essa
dança mansa ora força
ou moça
estonteante raça
e vem
avança e ultrapassa o medo
e se
lança longe e longe e longe e longe...
(nada
pode nos atingir assim)
sim
houve o tempo
desfrutamos
então
ouve o tempo
amamos desfrutar a tempo
detestamos
não haver tempo
mas ele houve
sempre ouve
edição de imagens
antes do frio, uma gota gelada de realidade cai na testa do imbecil adormecido
abre os olhos
vê tudo em alta resolução, velocidade 350, pessoas viram manchas rápidas
riscos que se cruzam em pinceladas vorazes na tela da cidade cinza
fecha os olhos
ouve o rugido das pisadas, murmúrios e sussurros da cidade grande
gritos surdos em sonatas públicas, em praças privadas e calçadas estreitas
abre a boca
fala que o mundo é redondo, mas as pessoas preferem quadrados e retângulos
não entende a geometria do movimento aleatório da humanidade
fecha a boca
destempera o som de sua própria voz, veículo inútil de comunicação
dedos e teclados falam mais e melhor do que a boca, a língua e a garganta
respira fundo
seu sonho é encontrar o botão do rewind e do forward nas pessoas
seria a renovação dos marionetes... basta usar um controle remoto
e depois do frio, uma gota quente de suor escorre em direção a boca do idiota acordado
abre os olhos
vê tudo em alta resolução, velocidade 350, pessoas viram manchas rápidas
riscos que se cruzam em pinceladas vorazes na tela da cidade cinza
fecha os olhos
ouve o rugido das pisadas, murmúrios e sussurros da cidade grande
gritos surdos em sonatas públicas, em praças privadas e calçadas estreitas
abre a boca
fala que o mundo é redondo, mas as pessoas preferem quadrados e retângulos
não entende a geometria do movimento aleatório da humanidade
fecha a boca
destempera o som de sua própria voz, veículo inútil de comunicação
dedos e teclados falam mais e melhor do que a boca, a língua e a garganta
respira fundo
seu sonho é encontrar o botão do rewind e do forward nas pessoas
seria a renovação dos marionetes... basta usar um controle remoto
e depois do frio, uma gota quente de suor escorre em direção a boca do idiota acordado
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
A voz de Malala
A jovem Malala Yousufzai não está mais em estado grave num hospital em peshawar, no paquistão. Ela está na Inglaterra. Os
médicos retiraram uma bala que estava alojada em seu ombro. Uma outra bala já
havia sido retirada de sua cabeça.
O assunto está nas
ruas de cabul. E também nas manchetes dos jornais.
É a história de Malala Yousufzai . Ela se tornou conhecida em 2009, aos 12 anos. Malala mantinha
o blog 'diário de uma estudante paquistanesa'. Os depoimentos ainda podem ser
lidos em inglês, no site da bbc.
Na época, Malala comentava os impactos das medidas do talibã (não vou escrever talibã com letra maiúscula) na comunidade. O grupo terrorista
havia fechado mais de 150 escolas para meninas e tinha explodido outras cinco
na região do vale de Swat.
O clima era tenso e
havia a ameaça constante de que as escolas de meninas pudessem ser alvo de
ataques do talibã. Malala escrevia que muitas de suas colegas tinham se mudado
para cidades maiores, como Lahore, Peshawar e Rawalpindi.
"Esta escola não
pertence somente a mim", disse malala, "esta escola pertence às crianças que
lutam por seus direitos. E isso prova que o povo do Paquistão quer a paz".
Malala tem hoje 14
anos. Ela foi baleada quando saía dessa mesma escola que defende com tanta
paixão. "Minha mensagem é para as pessoas que se deparam com a
tirania. Sempre que você vir alguém sendo oprimida, levante sua voz. Grite
contra quem tenta tirar seu direito. Não tenha medo de ninguém".
Malala não teve medo.
E vai precisar de mais coragem. O talibã declarou que se a jovem se salvar do
ataque, vai tentar matá-la de novo. Na opinião do talibã, a lei islâmica é
clara. Se qualquer mulher tiver algum papel na guerra contra os militantes,
essa mulher tem de ser morta.
Malala está
influenciando as jovens estudantes. Tamana Jan é uma delas. Tamana se diz
preocupada com seu país, o Paquistão, mas também com a situação do Afeganistão. Lá, a discriminação com a mulher é ainda pior. Tamana diz temer quando as forças estrangeiras forem embora do Afeganistão. Eu
temo pelo futuro das meninas, diz a estudante paquistanesa.
Horia Mosadiq
trabalha na anistia internacional. Ela conta que o que viveu, seus filhos
estão vivendo. "Me preocupa ver um país que permite suas mulheres
serem atacadas por ácido, granadas, envenenamento, ou que se permita que levem
tiros na cabeça", diz Horia.
Orações pela jovem
Malala Yousufzai m Karachi. Centenas de mulheres rezam pela recuperação da
estudante e ativista.
Protestos em
Islamabad e Lahore. Mulheres paquistanesas marcharam pelas ruas, pedindo mais
segurança e liberdade para todas as mulheres do país.
Até mesmo para a
realidade sangrenta e cruel do Paquistão, o crime contra Malala provocou fúria
no país. Se os talibãs queriam calar as mulheres, conseguiram o efeito contrário.
****atualização: Malala Yousufzai esteve internada em um hospital de Birmingham. Teve perceptível melhora, mas ainda manifestou sintomas de infecção. Malala contará sua história e a de 61 milhões de crianças que não podem estudar. Seu livro será publicado em 2013, com o título ''I am Malala''.
Em 19 de março, Malala teve seu primeiro dia de aula em Birmingham, no centro da Inglaterra.
"Acho que voltar para a escola é o momento mais feliz da minha vida. Era com isso que sonhava, com todas as crianças tendo o direito de ir à escola." "Estou muito feliz de usar esse uniforme, porque ele prova que sou uma estudante e estou vivendo a minha vida e aprendendo." Malala disse também que está ansiosa para aprender sobre política e legislação.
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