nada ao redor
um imenso vazio
povoado por gente
o homem invisível é discreto
porque não olha nos olhos dos outros
porque não olha nos olhos dos outros
porque evita cumprimentos
esquiva-se de bons dias, tardes e noites
recusa convites para sair
e quando a gente se acostuma com isso
ele torna-se oficialmente invisível
sua especialidade é desaparecer
mas algo mudou
ele quer visibilidade
arma seu
desvario
crivado de
dores vazias
um eco cravado
na pele da terra
ouve o rugido
atravessado pelos rios
e marca no pescoço a força desse grito insano
teus olhos sombrios avisam
não há onde se encostar
deixa o rosto repousado no colo frio
(de quem?)
sua discrição é tamanha
que até no choro
chora sem lágrima
gota que alimenta ou machuca
essa gota
desaparece no tempo
numa era de
esquecimento
é a curva que
desfaz a cratera do pensamento
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