um bando de loucos.
um grupo de roucos.
malucos por um time.
e todos por uma história.
o azul mais rico - de um país mais rico - de um futebol mais rico.
mas o que é a riqueza?
determinação?
entrega...
sorte?
organização.
a riqueza... marca?
a loucura, sim... essa invade países, corações e mentes.
de ricos e pobres.
de lúcidos e dementes.
fiéis e descrentes.
a loucura é estar vivo.
porque a vida é um milagre...
o motivo deste blog caleidoscópio: esculpido em carrara é uma homenagem àqueles que dizem uma coisa mas as pessoas entendem outra. não acredite em tudo o que lê e ouve. nem eu acredito em mim. pra ficar claro: caleidoscópio é o nome do blog porque eu quero dizer que meu blog tratará de diversos assuntos... não tem regras. só bom senso. acredito que perguntar ofende, mas acima de tudo, faz pensar. e é isso o que quero: pensar. (eu não uso maiúsculas no blog)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
as curvas de niemeyer (com vídeo)
a curva era sedutora.
((clique aqui e assista à crônica que fiz para o jornal conectado da mega tv. material editado pela aninha e na voz do jorge))
ela permite o ritmo poético de luz e sombra.
a curva é misteriosa, porque não se vê o fim enquanto não se termina de percorrer a
última linha ondulada.
as retas que me desculpem, mas a
curva é fundamental.
a vida é um sopro.
dura um minuto.
e um minuto é demasiado curto.
a arte é eterna.
a obra humana
dura para sempre porque fica na memória das pessoas.
não é apenas concreto.
a
pedra, o metal, a argamassa não duram mais do que a alma e o coração dele, que
desenhou a vida numa curva.
a objetividade é
reta.
e a retidão é qualidade admirável.
será mesmo, caro mestre?
mas os retos de
atitude são previsíveis. os curvilíneos, não.
os monumentos estão aí para
mostrar.
eles seduzem com a sua sinuosidade.
o olhar inesperado.
esse jeito de
ver o mundo na forma de conduzir a ponta do lápis.
o planeta é um círculo,
uma curva que se encontra.
as mãos, o coração também têm curvas.
o sentimento
humano é feito de estradas tortas e intrépidas.
que é a vida? um frenesi, uma
ilusão?
responda, meu caro niemeyer.
seria uma sombra, o reflexo da curva,
talvez.
a vida começa
e termina em um sopro.
e até a brisa quente
do vento da vida, caminha em curvas imprevisíveis.
((clique aqui e assista à crônica que fiz para o jornal conectado da mega tv. material editado pela aninha e na voz do jorge))
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
algumas frases de joelmir beting (singela homenagem)
vulgarizei a
informação econômica. fui chamado nos meios acadêmicos enciumados de ‘chacrinha
da economia’.
o problema é que
modernizar não é sofisticar. é simplificar.
em economia, é fácil
explicar o passado. mais fácil ainda é predizer o futuro. e difícil é entender
o presente.
a gestão da economia
tem apenas dois problemas. quando as políticas fracassam e quando as medidas funcionam.
não há soluções
políticas para problemas econômicos.
as bolsas de valores,
como os aviões, são cem por cento seguras: todo avião que sobe, desce.
no brasil, fomos
dopados pela cultura da abundância. irmã siamesa da cultura da ineficiência, da
acomodação e da tolerância. responsável pelo nosso atávico desperdício de
terra, de água, de mata, de energia, de sossego e de gente.
e no final das
contas, você só consegue explicar aquilo que entendeu.
por exemplo: quando
os preços sobem, é inflação, quando descem, é promoção.
mas explicar a emoção
de ser palmeirense a um palmeirense é totalmente desnecessário. e a quem não é
palmeirense... é simplesmente impossível.
tão difícil quanto
conviver com seis calendários no mundo de hoje. o gregoriano ou cristão. o
judaico, o islâmico, o japonês, o chinês e o calendário do futebol brasileiro.
é simples: se não
podemos melhorar o que causa a febre, pelo menos temos de melhorar a qualidade
do termômetro.
metade da humanidade
passa fome. a outra metade faz regime.
é isso. a natureza não
se defende. ela se vinga.
quando eu morrer, por
favor, não façam um minuto de silêncio. façam um minuto de barulho.
**** ((sempre fui fã de joelmir beting, como outros jornalistas também são. mas no meu caso, eu curtia suas tiradas, sua simplicidade nesse mundo estranho da economia. ironia e sarcasmo elegantes são para poucos privilegiados que têm o talento e a perspicácia de usá-los bem))
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
jornalistas, grécia, emprego e bolinhas de papel
o desemprego na
grécia registra 25%. mais do que o dobro da média da zona do euro. um grupo de
jornalistas decidiu tomar o assunto em suas mãos. e os profissionais de
imprensa resolveram criar empregos para eles próprios.
alguns jornalistas
desempregados não fizeram como parte da categoria, que entrou em greve durante vários
dias. são manifestantes que querem a readmissão de dois apresentadores que foram
exonerados por terem criticado um ministro por supostas torturas policiais a
militantes anarquistas.
os desempregados de que falo são outros. e preferiram o caminho da solução independente. em vez de
marchar pelas ruas, em protestos contra medidas de austeridade do governo, este
grupo de jornalistas resolveu fazer algo que desse resultado imediato para
eles.
tornaram-se
editores de um jornal novo, que fez sua estreia em atenas há algumas semanas.
o novo jornal, efimerida ton sintakton -
o jornal dos editores, em grego - é controlado e gerido por jornalistas.
principalmente por
aqueles que trabalhavam num dos jornais mais vendidos da grécia, o eleftherotypia, ou, liberdade de imprensa, em grego. jornal que fechou e deixou 850
funcionários sem emprego. um terço deles, jornalistas.
nikolas voulelis,
diretor do periódico, disse que o projeto começou justamente pelos antigos
funcionários do “liberdade de imprensa". um jornal que passou por uma crise
terrível e fechou. eles criaram uma cooperativa, contribuíram do próprio bolso
e começaram esta iniciativa de fazer outro tipo de jornal.
a editora de saúde,
danny vergou, falou ter trabalhado nos últimos 15 anos para o liberdade de
imprensa. ficou um ano desempregada com o fechamento dele. "eu sou mãe solteira,
minha filha tem cinco anos. eu precisava trabalhar. também é muito importante ser
livre como jornalista e não ter nenhum interesse por trás do que você escreve",
explica danny.
o editor internacional,
nikolas zirganos concorda. para ele o mais importante é ser independente. é a
primeira vez que algo assim é feito na grécia.
"eu vou comprá-lo",
disse o ateniense gerasimos moskopoulos. "quero ver a diferença de cobertura
jornalística com eles".
agora, no jornal dos
editores, são mais de 130 jornalistas do antigo periódico trabalhando neste
novo. cada um contribuiu com mil euros para iniciar o negócio.
a liberdade de imprensa, como se sabe - mas não se espalha - é, invariavelmente, uma liberdade de empresas de famílias.
são feudos de mídia.
e quando surge algo como esse da grécia, mesmo que por necessidade, há que se elogiar. e uma coisa é certa: uma bolinha de papel será tratada como bolinha de papel, não como um atentado terrorista.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
republicanos fazem mea culpa?
os republicanos
gastaram muito dinheiro, até mais do que os democratas. chegaram perto de
vencer o presidente barack obama. mas perderam. e desde as eleições de 6 de
novembro, os conservadores americanos não param de se perguntar: quem é o
culpado pela derrota?
mitt romney não
ajudou muito. foram muitos erros.
tanto em seus discursos, em que mostrava
convicções duvidosas, oportunistas às vezes. também seus inúmeros “foras”. mitt
romney foi uma avalanche de constrangimentos diplomáticos.
e mesmo assim, podia
ter vencido. mas desperdiçou uma oportunidade de ouro. toda a hierarquia
republicana criou um consenso de que mitt romney matou a chance de o partido
retomar o poder nos estados unidos.
erros por erros,
talvez não seja ele somente o culpado. afinal, o ex-presidente george w. bush
conseguiu se reeleger, mesmo sendo tão desastrado quanto romney. de fato, era
até mais. não custa lembrar que w. bush foi criticado por ter problemas com
álcool. por ter invadido o iraque com um motivo falso. por não conhecer
nada da geografia e geopolítica internacional. já foi ridicularizado diversas
vezes pela mídia por ser, digamos, um bobalhão. mas se elegeu numa votação polêmica (com acusações de fraude, vejam vocês, nos eua!!), e se reelegeu na
esteira do medo americano coletivo em relação ao terrorismo.
já mitt romney, um
pouco menos desastrado do que w. bush, e com mais dinheiro do que seu
companheiro de partido, não conseguiu superar obama. para os analistas,
dentro do próprio partido republicano, faltou neste caso carisma.
algo que não se
encontra num republicano desde a eleição de ronald reagan. o ex-ator e
ex-presidente americano sempre foi o ícone dos republicanos, do conservadorismo
político dos estados unidos. ele é o kennedy da direita americana.
a inexpressividade de
mitt romney, e a falta de convicções concretas do ex-governador de Massachusetts não convenceram, e perderam para o carisma de barack obama. por
causa dessa derrota nas urnas, os republicanos estão pensando também se mitt romney
seria o único culpado.
o partido acredita
que é melhor repensar seus candidatos, suas convicções. buscar, quem sabe, um
novo reagan. alguém que represente, outra vez, a famosa frase: o estado é o
problema, não a solução.
mas enquanto os
republicanos não sabem se voltam ao passado, ou se rompem com ele, os
democratas curtem o poder com seu líder atual, o representante da nova era:
barack obama.
os republicanos estão vivendo fora da realidade. mas como há quase metade dos americanos que acredita neles, não sei se sou eu, ou se metade dos estados unidos está fora da realidade. enfim, não é só no brasil que a direita conservadora precisa rever seus conceitos. enquanto isso, a esquerda, ou o que mais se aproxime disso, se aproveita e continua no poder. por enquanto, a ideia de que o estado não é o problema continua prevalecendo.
a crise econômica mundial está aí para comprovar.
a guerrilheira "colombiana" tanja nijmeijer
o problema da terra
na colômbia, país onde 1,15% da população têm 52% da propriedade rural, será a
primeira prova de fogo para o governo e as farc, em sua tentativa de paz. uma holandesa metida na guerrilha chama a atenção da imprensa
mundial. ela participa das negociações.
o tema fundiário é um
assunto que está na raiz do conflito, que já dura quase meio século. o encontro
da paz em havana busca resolver isso, e dar tranquilidade para toda a população colombiana.
a reunião é mediada por noruega, cuba, venezuela e chile.
e para tratar de um
tema tão complexo, tão cheio de rancores, uma holandesa que milita na guerrilha
das farc está entre os que representam o grupo.
seu nome é tanja
nijmeijer,
ou, para
os guerrilheiros: alexandra.
ela é acusada
pelos estados unidos de sequestro, em 2003, de três empreiteiros americanos, que
foram libertados em 2008.
nijmeijer, ou alexandra, tem 34 anos. e se juntou as farc há uma década. ela é uma das porta-vozes da guerrilha nas negociações de paz com o governo do
presidente juan manuel santos. recentemente, concedeu uma entrevista.
o que todos queriam entender é: o que a bela holandesa foi fazer no meio da guerrilha na colômbia?
sobre seu país, ela
conta que nos últimos anos sente falta. nijmeijer ouve o hino nacional holandês e
fica triste. "eu adoraria voltar por 15 dias ao meu país. explicar para as
pessoas por que estamos lutando na colômbia. mas isso não é possível no
momento. o importante é estar aqui, em havana, e me concentrar no processo de
paz com o governo", disse tanjia, numa entrevista concedida para a anncol, que é
uma agência de notícias colombiana com sede na suécia.
para permitir sua
entrada em cuba, a promotoria da colombia suspendeu duas ordens de prisão que
pesavam contra alexandra. uma pelo crime de rebelião. a outra com a finalidade
de extraditá-la para a holanda.
a entrevista de
tanjia, ou alexandra, foi postada no youtube. e ela parecia bem à vontade ao falar
do seu papel na guerrilha. "eu não sou uma exceção em tudo. isso é coisa da
mídia. não importa onde você nasceu ou onde vai morrer. o que importa é onde a
luta está. acho que o lema de che guevara é válido mais do que nunca", conta
tanja nijmeijer.
neste caso, não fica bem chamá-la de "musa da guerrilha", da "revolução" ou qualquer item correspondente. a mania de usarmos "musa" para as situações em que há uma mulher bonita em algo incomum banaliza a própria beleza, além da mulher e do assunto em si... isso tira o foco do que é mais importante. mas é evidente que qualquer assunto é mais exposto na mídia quando há fotos, vídeos de uma mulher atraente. é como os efeitos especiais num filme. quem deve chamar a atenção primeiro, o filme em si, ou seus efeitos especiais? este não pode complementar o primeiro?
enfim, se tudo correr bem,
as negociações de paz devem obrigar as farc a se tornar um movimento político
legal. enquanto as autoridades devem se preparar para garantir a segurança da
organização. as farc contam com 9 mil combatentes que devem
ser reintegrados a vida civil, ao mesmo tempo em que terão de responder por
suas ações.
diferentemente das
outras vezes em que a paz não deu certo, dessa vez não se negocia a anistia absoluta.
domingo, 21 de outubro de 2012
a maré
Não me lembro do mar nem de nada parecido guardado na
retina minha da minha míope vista
Não que no passado fosse míope
Mas o mar se vê longe de perto ou de longe e de longe vejo mal
mas eu veria o mar num só azul de movimento calmo e azul
Veria
se me lembrasse do mar ou de tudo parecido que estivesse guardado perto de mim
Mas no meu passado eu via bem de longe mas nunca enxergava longe
a história
Não me lembro de na minha história haver o mar nem de nada que não fosse parecido com a tela de um desenho no asfalto
toda minha história mergulhada na imensidão urbana
o que eu disse
como se o mar não tivesse ondas (ainda que pequenas e, se paradas águas são, sempre há quem jogue uma pedra, provocando o andar de ondas)
eu não tinha memória
Não me lembro do mar mas me lembro de ter me afogado em milhares de pesadelos marítimos
é possível sentir conhecer algo sem ao menos vê-lo há tanto tempo?
quando vi o mar, quase vinte anos depois da primeira e única vez, era como se fosse a visão de uma deusa das águas. a potência da natureza multiplicada por aquele sussurro violento e calmo... infinito e belo
como se fosse a própria alma do mar
a mar é
Não que no passado fosse míope
Mas o mar se vê longe de perto ou de longe e de longe vejo mal
mas eu veria o mar num só azul de movimento calmo e azul
Veria
se me lembrasse do mar ou de tudo parecido que estivesse guardado perto de mim
Mas no meu passado eu via bem de longe mas nunca enxergava longe
a história
Não me lembro de na minha história haver o mar nem de nada que não fosse parecido com a tela de um desenho no asfalto
toda minha história mergulhada na imensidão urbana
o que eu disse
como se o mar não tivesse ondas (ainda que pequenas e, se paradas águas são, sempre há quem jogue uma pedra, provocando o andar de ondas)
eu não tinha memória
Não me lembro do mar mas me lembro de ter me afogado em milhares de pesadelos marítimos
é possível sentir conhecer algo sem ao menos vê-lo há tanto tempo?
quando vi o mar, quase vinte anos depois da primeira e única vez, era como se fosse a visão de uma deusa das águas. a potência da natureza multiplicada por aquele sussurro violento e calmo... infinito e belo
como se fosse a própria alma do mar
a mar é
sábado, 20 de outubro de 2012
louca
lua louca sorridente e luminosa
lua
tua única saída
em nós um véu
e branca túnica
toda nua a lua
uma dança apruma
pros teus olhos únicos
uma lua - ilha -
pura lua - uma filha -
me atua(liza rá)
numas de nosso
o teu brilhar
somos um pacto de enluarar
teu rosto cheio míngua linda
nova e cresce e brilha tua
essa uma
lua
e tua língua
me conta que você enrubesce
quando linda se vê nua
nua no ar
domingo, 14 de outubro de 2012
o discreto e sua existência insípida
nada ao redor
um imenso vazio
povoado por gente
o homem invisível é discreto
porque não olha nos olhos dos outros
porque não olha nos olhos dos outros
porque evita cumprimentos
esquiva-se de bons dias, tardes e noites
recusa convites para sair
e quando a gente se acostuma com isso
ele torna-se oficialmente invisível
sua especialidade é desaparecer
mas algo mudou
ele quer visibilidade
arma seu
desvario
crivado de
dores vazias
um eco cravado
na pele da terra
ouve o rugido
atravessado pelos rios
e marca no pescoço a força desse grito insano
teus olhos sombrios avisam
não há onde se encostar
deixa o rosto repousado no colo frio
(de quem?)
sua discrição é tamanha
que até no choro
chora sem lágrima
gota que alimenta ou machuca
essa gota
desaparece no tempo
numa era de
esquecimento
é a curva que
desfaz a cratera do pensamento
sábado, 13 de outubro de 2012
de olho no relógio ou nos olhos do tempo
na
segurança da vaidade
navegar
de manhã
não quer dizer vir antes do anoitecer
me espera
levantar
a máscara
não pode cair
o medo
avança quando
você chove tormentos em mim
e se
desespera pra dançar
Só você
pode me atingir
Em um
minuto de muitos anos
a
eternidade congela nossa boca
(você não
pode esconder)
seu corpo
dança e cansa e dança
essa
dança mansa ora força
ou moça
estonteante raça
e vem
avança e ultrapassa o medo
e se
lança longe e longe e longe e longe...
(nada
pode nos atingir assim)
sim
houve o tempo
desfrutamos
então
ouve o tempo
amamos desfrutar a tempo
detestamos
não haver tempo
mas ele houve
sempre ouve
edição de imagens
antes do frio, uma gota gelada de realidade cai na testa do imbecil adormecido
abre os olhos
vê tudo em alta resolução, velocidade 350, pessoas viram manchas rápidas
riscos que se cruzam em pinceladas vorazes na tela da cidade cinza
fecha os olhos
ouve o rugido das pisadas, murmúrios e sussurros da cidade grande
gritos surdos em sonatas públicas, em praças privadas e calçadas estreitas
abre a boca
fala que o mundo é redondo, mas as pessoas preferem quadrados e retângulos
não entende a geometria do movimento aleatório da humanidade
fecha a boca
destempera o som de sua própria voz, veículo inútil de comunicação
dedos e teclados falam mais e melhor do que a boca, a língua e a garganta
respira fundo
seu sonho é encontrar o botão do rewind e do forward nas pessoas
seria a renovação dos marionetes... basta usar um controle remoto
e depois do frio, uma gota quente de suor escorre em direção a boca do idiota acordado
abre os olhos
vê tudo em alta resolução, velocidade 350, pessoas viram manchas rápidas
riscos que se cruzam em pinceladas vorazes na tela da cidade cinza
fecha os olhos
ouve o rugido das pisadas, murmúrios e sussurros da cidade grande
gritos surdos em sonatas públicas, em praças privadas e calçadas estreitas
abre a boca
fala que o mundo é redondo, mas as pessoas preferem quadrados e retângulos
não entende a geometria do movimento aleatório da humanidade
fecha a boca
destempera o som de sua própria voz, veículo inútil de comunicação
dedos e teclados falam mais e melhor do que a boca, a língua e a garganta
respira fundo
seu sonho é encontrar o botão do rewind e do forward nas pessoas
seria a renovação dos marionetes... basta usar um controle remoto
e depois do frio, uma gota quente de suor escorre em direção a boca do idiota acordado
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
A voz de Malala
A jovem Malala Yousufzai não está mais em estado grave num hospital em peshawar, no paquistão. Ela está na Inglaterra. Os
médicos retiraram uma bala que estava alojada em seu ombro. Uma outra bala já
havia sido retirada de sua cabeça.
O assunto está nas
ruas de cabul. E também nas manchetes dos jornais.
É a história de Malala Yousufzai . Ela se tornou conhecida em 2009, aos 12 anos. Malala mantinha
o blog 'diário de uma estudante paquistanesa'. Os depoimentos ainda podem ser
lidos em inglês, no site da bbc.
Na época, Malala comentava os impactos das medidas do talibã (não vou escrever talibã com letra maiúscula) na comunidade. O grupo terrorista
havia fechado mais de 150 escolas para meninas e tinha explodido outras cinco
na região do vale de Swat.
O clima era tenso e
havia a ameaça constante de que as escolas de meninas pudessem ser alvo de
ataques do talibã. Malala escrevia que muitas de suas colegas tinham se mudado
para cidades maiores, como Lahore, Peshawar e Rawalpindi.
"Esta escola não
pertence somente a mim", disse malala, "esta escola pertence às crianças que
lutam por seus direitos. E isso prova que o povo do Paquistão quer a paz".
Malala tem hoje 14
anos. Ela foi baleada quando saía dessa mesma escola que defende com tanta
paixão. "Minha mensagem é para as pessoas que se deparam com a
tirania. Sempre que você vir alguém sendo oprimida, levante sua voz. Grite
contra quem tenta tirar seu direito. Não tenha medo de ninguém".
Malala não teve medo.
E vai precisar de mais coragem. O talibã declarou que se a jovem se salvar do
ataque, vai tentar matá-la de novo. Na opinião do talibã, a lei islâmica é
clara. Se qualquer mulher tiver algum papel na guerra contra os militantes,
essa mulher tem de ser morta.
Malala está
influenciando as jovens estudantes. Tamana Jan é uma delas. Tamana se diz
preocupada com seu país, o Paquistão, mas também com a situação do Afeganistão. Lá, a discriminação com a mulher é ainda pior. Tamana diz temer quando as forças estrangeiras forem embora do Afeganistão. Eu
temo pelo futuro das meninas, diz a estudante paquistanesa.
Horia Mosadiq
trabalha na anistia internacional. Ela conta que o que viveu, seus filhos
estão vivendo. "Me preocupa ver um país que permite suas mulheres
serem atacadas por ácido, granadas, envenenamento, ou que se permita que levem
tiros na cabeça", diz Horia.
Orações pela jovem
Malala Yousufzai m Karachi. Centenas de mulheres rezam pela recuperação da
estudante e ativista.
Protestos em
Islamabad e Lahore. Mulheres paquistanesas marcharam pelas ruas, pedindo mais
segurança e liberdade para todas as mulheres do país.
Até mesmo para a
realidade sangrenta e cruel do Paquistão, o crime contra Malala provocou fúria
no país. Se os talibãs queriam calar as mulheres, conseguiram o efeito contrário.
****atualização: Malala Yousufzai esteve internada em um hospital de Birmingham. Teve perceptível melhora, mas ainda manifestou sintomas de infecção. Malala contará sua história e a de 61 milhões de crianças que não podem estudar. Seu livro será publicado em 2013, com o título ''I am Malala''.
Em 19 de março, Malala teve seu primeiro dia de aula em Birmingham, no centro da Inglaterra.
"Acho que voltar para a escola é o momento mais feliz da minha vida. Era com isso que sonhava, com todas as crianças tendo o direito de ir à escola." "Estou muito feliz de usar esse uniforme, porque ele prova que sou uma estudante e estou vivendo a minha vida e aprendendo." Malala disse também que está ansiosa para aprender sobre política e legislação.
domingo, 30 de setembro de 2012
nosso
meus
teus lábios meus
dos poemeus aqui talvez de deus
ou tão pequenos traços
sonhos pigmeus
os teus, não leve meus os olhos seus
mas pegue os meus
sonhos teus
daqui o baú completo
prometeu fechar-se
usando as grades do amor
mas engano seu
que o céu não sabe quando vai chover
e que o beijo nunca sabe se vai acontecer
que nada ao léu lerei nos lábios
teus que meus
troquei por um segundo eterno
as salivas tuas, minhas,
num breve eu
tão terno
e você sorriu aquém
adeus
confessou
o amor
a quem? ateus
a teus beijos desacreditados
meu bem
também
teu bem
então
somos
teusmeus
vísceras
palavra
sangrada
palavra
carnívora
canibal dos
olhos visionários
defeito
líquido que escorre das lágrimas de páginas enfurecidas
livro que
bebo
teu corpo
quente e inebriante
entorpeço
minhas palavras débeis
no teu
hálito brilhante
palavra
mítica
que
sobrevoa a história das águias renovadoras
das águas
restauradoras
das mágoas
duradouras
palavra sem
penas
sem dó
sem dores
palavra
adorada
essencialmente
masturbadora
gozo em ti
palavra
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
gansos voando
ganso é da família anatidae. é muito apreciado e desejado. quando é domesticado pode ser até um cão de guarda. suas penas servem para flechas. e do seu fígado se faz o famoso foie gras. é requintado, mas provocado ele bate as asas e ataca. ou migra.
paulo henrique é jogador. é produto e promessa.
no mercado, valia 22 milhões de euros. agora vale 15 e 400. no campo, era considerado o melhor 10 da última década... década que ainda não veio. novo dono da dez na seleção, cérebro do meio-campo. machuca, recupera. machuca e não joga. e o salário?? pede mais.
aumenta e não sobe. reclama e leva bronca. pede mais e não dão. torcida na bronca. moedas no chão. vale quanto custa e não custa o que joga. machucado não joga, sem ritmo não dança. um foie gras vale 250 reais o quilo. e ganso vai embora por 23 vírgula nove milhões. de reais.
quanto vale um ganso? quanto custa um passe para o gol, ou a bola na rede?? mais vale um ganso voando do que dois de asas quebradas na mão. dou-lhe uma, dou-lhe duas, vendido !! por 23 milhões e 900 mil reais e uma penhora de "ct meninos da vila".
onde é que eu assino?
*****link da pensata-crônica minha, narrada por andré plihal, que foi ao ar na última quinta-feira, dia 20/09 é só clicar aqui e entrar no vídeo que passou no sportscenter.
eu sou chato e você também é
vamos combinar assim. cada um assume o seu erro. é simples, prático, eficiente, incolor e indolor.
quer dizer, quase indolor.
dói na alma de quem admite o erro, nesse orgulho besta, da gente que precisa assumir em público o "ops, fui eu", my mistake, i'am sorry, i beg your pardon, excusez-moi, Je suis désolé, eu fiz merda.
é isso.
desde bebês somos assim. a gente brinca com a colher enquanto finge que come a comida da mãe. derruba a colher na frente da mãe. ela olha com olhar de bronca e diz nosso nome em tom de reprovação. a reação é imediata. e por isso mesmo, irracional: não fui eu, mãe!
como não foi?
cinco segundos depois, percebemos a burrice que falamos. assumimos, constrangidos, o erro. mas procuramos desculpas, falhas nos outros, no tempo, na colher que é torta e me enganou, a comida que é sem gosto, ou: não tô cum fome...
a gente cresce e a síndrome do "não fui eu" continua.
a gente pega o ônibus. se aproxima da porta pra descer. dá o sinal. soa o barulhinho do sinal. acende a luz de que a parada foi solicitada. o ônibus ameaça passar reto, mas não passa porque o sinal vermelho ligou. aí o passageiro olha para o cobrador, o cobrador diz para o motorista: vai descer. aí o motorista abre a porta, não sem antes falar, porque ele podia ficar calado mas não fica, e diz: tem que tocar o sinal...
o que falar nessa hora?
a gente aponta para a luz piscando, indicando que o sinal foi dado. o motorista insiste em falar as groselhas dele. aí você se irrita e fala: eu toquei, a luz acendeu, apitou, mas você não viu nem ouviu. e o motorista continua falando. você desce, irritado e não dá mais bola. o motorista segue a vida dele achando que está certo. e você vai embora, achando que o mundo é injusto e as pessoas são insuportáveis.
o cidadão zen-budista diria: relaxe, não se deixe abater por isso. a vida é bela, não se estresse, um motorista de ônibus não vale a úlcera.
eu mandaria esse cidadão zen-budista à merda. depois eu diria: qualquer um vale a úlcera. se eu quisesse ter uma. mas não quero. justo eu que sempre procuro tirar algum ensinamento zen-budista das coisas chatas da vida. e tirei essa: as pessoas têm uma dificuldade monstruosa de assumir as merdas. bastava dizer: o senhor deu o sinal? então me desculpe, eu não ouvi. me desculpe mesmo...
o que eu faria? nada. diria, ok, sem problemas.
o que diria minha vizinha, que fica num determinado andar do meu prédio? (o apelido que eu dou pra ela é dona clotilde)
bom, ela xingaria o motorista (mesmo ele se desculpando), daria um sermão para ele prestar mais atenção, que ele é um mau motorista (conclusão e julgamento a partir de poucos minutos de observação, ela é um gênio)...
a "dona clotilde" é insuportável naturalmente. levou décadas para construir seu currículo de chata. não é algo fácil.
já os motoristas de ônibus, que ganham mixaria, trabalham muito, aguentam donas clotildes e afins, estão no limite do estresse. e por isso também são chatos e insuportáveis.
quando eu estou assim, sou chato e insuportável também. porque todas as pessoas no limite são chatas e insuportáveis.
menos os zen-budistas.
quer dizer, quase indolor.
dói na alma de quem admite o erro, nesse orgulho besta, da gente que precisa assumir em público o "ops, fui eu", my mistake, i'am sorry, i beg your pardon, excusez-moi, Je suis désolé, eu fiz merda.
é isso.
desde bebês somos assim. a gente brinca com a colher enquanto finge que come a comida da mãe. derruba a colher na frente da mãe. ela olha com olhar de bronca e diz nosso nome em tom de reprovação. a reação é imediata. e por isso mesmo, irracional: não fui eu, mãe!
como não foi?
cinco segundos depois, percebemos a burrice que falamos. assumimos, constrangidos, o erro. mas procuramos desculpas, falhas nos outros, no tempo, na colher que é torta e me enganou, a comida que é sem gosto, ou: não tô cum fome...
a gente cresce e a síndrome do "não fui eu" continua.
a gente pega o ônibus. se aproxima da porta pra descer. dá o sinal. soa o barulhinho do sinal. acende a luz de que a parada foi solicitada. o ônibus ameaça passar reto, mas não passa porque o sinal vermelho ligou. aí o passageiro olha para o cobrador, o cobrador diz para o motorista: vai descer. aí o motorista abre a porta, não sem antes falar, porque ele podia ficar calado mas não fica, e diz: tem que tocar o sinal...
o que falar nessa hora?
a gente aponta para a luz piscando, indicando que o sinal foi dado. o motorista insiste em falar as groselhas dele. aí você se irrita e fala: eu toquei, a luz acendeu, apitou, mas você não viu nem ouviu. e o motorista continua falando. você desce, irritado e não dá mais bola. o motorista segue a vida dele achando que está certo. e você vai embora, achando que o mundo é injusto e as pessoas são insuportáveis.
o cidadão zen-budista diria: relaxe, não se deixe abater por isso. a vida é bela, não se estresse, um motorista de ônibus não vale a úlcera.
eu mandaria esse cidadão zen-budista à merda. depois eu diria: qualquer um vale a úlcera. se eu quisesse ter uma. mas não quero. justo eu que sempre procuro tirar algum ensinamento zen-budista das coisas chatas da vida. e tirei essa: as pessoas têm uma dificuldade monstruosa de assumir as merdas. bastava dizer: o senhor deu o sinal? então me desculpe, eu não ouvi. me desculpe mesmo...
o que eu faria? nada. diria, ok, sem problemas.
o que diria minha vizinha, que fica num determinado andar do meu prédio? (o apelido que eu dou pra ela é dona clotilde)
bom, ela xingaria o motorista (mesmo ele se desculpando), daria um sermão para ele prestar mais atenção, que ele é um mau motorista (conclusão e julgamento a partir de poucos minutos de observação, ela é um gênio)...
a "dona clotilde" é insuportável naturalmente. levou décadas para construir seu currículo de chata. não é algo fácil.
já os motoristas de ônibus, que ganham mixaria, trabalham muito, aguentam donas clotildes e afins, estão no limite do estresse. e por isso também são chatos e insuportáveis.
quando eu estou assim, sou chato e insuportável também. porque todas as pessoas no limite são chatas e insuportáveis.
menos os zen-budistas.
domingo, 9 de setembro de 2012
querências
ela abre os olhos e repete seu mantra:
"pelo dia
a noite fria
pelo menos
a gente soma
pêlos curtos no meu rosto
pêlos mais grossos nas minhas pernas
mãos dementes
roçando cabelos urgentes
entre apelos
há pêlos na cama
de quem perdeu o sol da manhã
ah... deuses bebem o meu café da manhã
pelos olhos teus prevejo meus 'adeuses'
escorridos e vaporizados
nas gotas do suor teu
meu corpo treme
vê-lo indo cada dia um pedaço
sinto em cada maço jogado ao lixo
que um episódio de nós se misturou a nicotina
e o que era bom ficou na mesa
ao lado do último gole de amor caramelado
escapou de mim
o Vermelho do medo e o Negro do desejo
a lembrança de quantas vezes subimos
o Morro dos Ventos Uivantes
e sussurramos o grito mudo
de quem não quer dizer
e eu não quero dizer
atropelo o que sinto
a imagem que você me deixa
é a da toalha grande com teu cheiro forte
o pão comido pela metade
largado num prato esquecido na pia
imagem tão doméstica de mim
é o que resta pra lembrar
e esquecer e esperar o que virá para amanhã
pelo dia
a noite fria
o teu rosto quase-barba arranha o meu
e todo o sangue inflama deste corpo que é meu e teu"
amem
****é amem mesmo, sem acento, o verbo amar
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