terça-feira, 22 de maio de 2012

amanhecer

eu preciso de silêncio pra vê-la sorrindo

enquanto a noite segue silvando fria
a sopa esquenta o sangue
enquanto seguimos possuídos um pelo outro
o tempo vai passando
e cada manhã é um brilho
um batom enlouquecido
um gato alvoroçado

o silêncio e a noite rasgam meus lábios
de sede e fome 

enquanto caíamos na rede
repetíamos a cena matinal
no colo um perfume do café fumegando
esse vinho inebriante

enquanto eu conto com o sabor do tempo
cada manhã revela-se um beijo doído
suave e sofrido
roído com toda a ferocidade dos dentes

enquanto você não dorme
desenho seu encanto em meus dedos gelados
enquanto você bebe o calor salgado
das nossas palavras de amor amalgamado
enquanto

cada manhã sem você
amanhecer
não há



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