sábado, 18 de agosto de 2012

espelhos d’água


eu fecho os olhos e não vejo a imagem do rosto seu
não consigo descrever as formas e nuances daquela face nua
não sei se o nariz é grosso, grande, aberto, aquilino ou estúpido
os olhos vesgos serão estrábicos acinzentados
quem sabe úmidos de sofrimento ou fundos de melancolia
quando fecho os olhos não me vem à mente nada
não consigo desenhar nem onde fica a sua boca bendita, maldita
quando penso no rosto
meu orgulho expõe através dos meus desenhos
todo escárnio deste não-lembrar
eu sei que este rosto já sentiu meu gosto azedo e meu carinho cego
que cara, rosto, face, pele, ossos são esses,
que não me esqueço
e só me lembro que existiu?
eu fecho os olhos e peço que você desapareça
não quero me lembrar do que nem posso ver

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