Recolhe a pá e o pé
do chão. Caminha suado solitário. Carregando sementes de vida. De comida ou
ilusão. Projeta um olhar confuso. No horizonte do crepúsculo. Um raio de luz
ofusca a direção. Cada músculo do corpo gritando de dor. Quando vai colher as
suas dores? Quando vai lavrar seu corpo desta confusão?
Ele não sabe de onde
vai tirar sentido: num palmo de terra fértil, valendo sangue, ou na palma
fechada, inútil sem coração.
Como vai, não sabe Mas da chegada, já sabia o
plano. Recolhe a roupa e descansa o dia. E da mente vem um turbilhão dentro de
seus olhos. Um horizonte. Semeando uma ponte. E buscando quem atravessar.
Carregando a pá. E o pé ficando na mão. Pensa no que dói. Se a dor existe. Só
na terra ou no corpo. (ai, que bom, viver espalhado no ar.). Lavrar o vento que
não fica. Lavrar o que não para. Lavrar o mar. Que brilha e leva sem dor. Outro
dia. A mesma espera. A pá e o pé no chão. A terra que respira. O corpo suado
levando sementes.
Mas um dia: brotará o pensamento e a reflexão. E retirará o
que tem dentro de si. Mas e ferramenta?
irá arar os olhos como
faria na terra. Mas onde nascerá o plantado?
na terra, ou nele?
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