domingo, 3 de junho de 2012

lavra a dor


Recolhe a pá e o pé do chão. Caminha suado solitário. Carregando sementes de vida. De comida ou ilusão. Projeta um olhar confuso. No horizonte do crepúsculo. Um raio de luz ofusca a direção. Cada músculo do corpo gritando de dor. Quando vai colher as suas dores? Quando vai lavrar seu corpo desta confusão? 
Ele não sabe de onde vai tirar sentido: num palmo de terra fértil, valendo sangue, ou na palma fechada, inútil sem coração. 
Como vai, não sabe  Mas da chegada, já sabia o plano. Recolhe a roupa e descansa o dia. E da mente vem um turbilhão dentro de seus olhos. Um horizonte. Semeando uma ponte. E buscando quem atravessar. 
Carregando a pá. E o pé ficando na mão. Pensa no que dói. Se a dor existe. Só na terra ou no corpo. (ai, que bom, viver espalhado no ar.). Lavrar o vento que não fica. Lavrar o que não para. Lavrar o mar. Que brilha e leva sem dor. Outro dia. A mesma espera. A pá e o pé no chão. A terra que respira. O corpo suado levando sementes. 
Mas um dia: brotará o pensamento e a reflexão. E retirará o que tem dentro de si. Mas e ferramenta?

irá arar os olhos como faria na terra. Mas onde nascerá o plantado? 
na terra, ou nele?

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