domingo, 24 de junho de 2012

lia


faria em versos
seus medos e segredos 
rimaria uma história
e retiraria do final toda agonia

as letras se comporiam em sonatas
em tercetos, em bravatas
em sustenidos ou sonetos
você entenderia que o temor de amar
é pura mania de evitar que a alegria
corra o risco de arriscar ser

deste teu olhar tão curioso
alguém recitaria os abraços que eu te daria
mas cauteloso 
eu rimaria o teu nome 
com tudo o que se amaria
de quem amasse de verdade

se pudesse amar muito mais do que podia
seríamos a tatuagem na areia
porque tudo em volta dessa praia que ardia
era chuva e lama: 
além da ventania do teu olhar risonho
além do nada o horizonte bradava

a tempestade dos teus versos 
feito gestos caricatos
aparatos da delicadeza
é a forma da natureza
que assim dissiparia o silêncio 
de quem você um dia leria

enquanto a noite não vem
teus olhos eu lia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

perguntar ofende, sim, mas e daí? pode escrever, comentar, perguntar, responder...